O banco panamenho
FPB, que operava clandestinamente no Brasil, e o escritório Mossack Fonseca,
especializado na abertura e administração de offshores, são os alvos da
Operação Caça-Fantasmas. MP fala em "dupla camada de lavagem de
dinheiro"
Carro
da Polícia Federal no Rio de Janeiro(Sergio
Moraes/Reuters)
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a 32ª fase da
Operação Lava Jato, batizada de Caça-Fantasmas, que investiga crimes contra o
sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e organização criminosa
internacional. Cerca de 60 policiais cumprem 10 mandados de busca e apreensão e
sete de condução coercitiva nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo
(SP) e Santos (SP). Os alvos são o banco panamenho FPB Bank, que atuava no
Brasil cladestinamente, sem autorização do Banco Central, e a o escritório
Mossack Fonseca, especializado em abertura e administração de offshores.
A operação de hoje é um desdobramento da 22ª fase da Lava
Jato, deflagrada em janeiro e batizada de Triplo X, da qual a
Mossack Fonseca foi um dos alvos. Segundo a Polícia Federal, utilizando-se dos
serviços da Mossack, o banco investigado na Caça Fantasmas abria e movimentava
contas em território nacional para "viabilizar o fluxo de valores de
origem duvidosa para o exterior, à margem do sistema financeiro nacional".
As duas empresas podem ter sido utilizados para lavar dinheiro desviado da
Petrobras.
De acordo com a investigação, documentos apreendidos na Triplo X que
indicam que a Mossack Fonseca e o FPB Bank atuavam em conjunto na constituição
e no registro de offshores para brasileiros, inclusive para futura venda a
pessoas interessadas em utilizá-las para ocultar patrimônio. A Caça-Fantasmas
identificou 44 offshores constituídas pelo escritório por solicitação dos
funcionários do banco clandestino.
A procuradora Jerusa Viecili ressalta a "terceirização da lavagem
de dinheiro" por meio de offshores e aponta que no caso FPB-Mossack
"havia uma dupla camada de lavagem de dinheiro: primeiro se constituíam
offshores sediadas em paraísos fiscais para ocultar os reais donos do dinheiro
e em seguida essas offshores mantinham contas em um banco clandestino".
Deltan Dallagnol, o chefe da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, afirma
que bancos clandestinos abrem "uma imensa brecha" à lavagem de
dinheiro. O procurador observa que "as offshores se popularizam mais e
mais dentre criminosos de colarinho branco como modesrnas versões do laranja e
do testa de ferro. São mecanismos sofisticados utilizados com frequência para
esconder o rosto do criminoso por trás de uma estrutura societária com
aparência legítima".
Os alvos de mandados de condução coercitiva estão sendo levados às sedes
da PF nas cidades nas quais foram localizados. Eles são liberados após serem
ouvidos pelos investigadores.
Triplo X - A operação Triplo X mirou
atividades criminosas da Bancoop, a Cooperativa Habitacional dos Bancários de
São Paulo, e a estratégia da construtora OAS de utilizar imóveis como método
para despistar o pagamento de propina.
Um dos principais alvos da operação foi a offshore Murray, criada pela
Mossack Fonseca no Panamá para ocultar os verdadeiros donos de um tríplex no
Guarujá (SP), no mesmo condomínio em que a OAS reservou um apartamento ao ex-presidente
Lula.
Segundo a Polícia Federal, as empresas offshores e contas no exterior
eram usadas para ocultar o produto de crimes cometidos contra os cofres da
Petrobras.
(da redação)
Postar um comentário
Blog do Paixão